Revisão dos cinquenta anos de alta do ouro|De Bretton Woods até a nova máxima histórica em 2025

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Por que é que o ouro valorizou mais de 120 vezes? A história por trás das oscilações de meio século

O ouro tem sido uma das mais importantes reservas de valor na civilização humana desde sempre. A sua veneração deve-se não só à sua alta densidade, extensibilidade e durabilidade, mas também às múltiplas funções que desempenha: moeda, joia e produto industrial. Nas últimas cinco décadas, o preço do ouro tem mostrado uma trajetória de subida em flecha, repleta de ondas de crescimento e quedas.

Desde 1971 até hoje, o ouro passou de 35 dólares por onça para mais de 4300 dólares em 2025, acumulando uma subida superior a 120 vezes. Especialmente no último ano, impulsionado por tensões geopolíticas, aumento das reservas pelos bancos centrais e a desvalorização do dólar, o preço do ouro atingiu recordes, com uma subida de mais de 104% em 2024.

Mas o que está por trás desta rápida subida do preço do ouro ao longo da sua história? A resposta começa no momento crucial de 1971, que mudou o panorama financeiro mundial.

Colapso do sistema de Bretton Woods: o ponto de viragem na desvinculação do ouro do dólar

Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos lideraram a criação de um sistema de comércio internacional baseado no dólar — o sistema de Bretton Woods. Segundo este sistema, o dólar estava atrelado ao ouro, com uma taxa fixa de 1 onça de ouro por 35 dólares, e as moedas de outros países estavam atreladas ao dólar, que por sua vez era uma espécie de certificado de troca de ouro.

Contudo, com o crescimento acelerado do comércio global, a extração de ouro não acompanhava a procura, e os Estados Unidos enfrentavam uma saída massiva de ouro do país. Em 15 de agosto de 1971, o presidente Nixon anunciou, numa transmissão televisiva, a suspensão da troca do dólar por ouro. Este ato marcou o fim oficial do sistema de Bretton Woods e deu início a uma nova era de flutuação livre do preço do ouro.

As quatro grandes ondas de subida do preço do ouro na história

Ao longo de mais de cinquenta anos, o ouro passou por quatro ciclos de subida evidentes, cada um relacionado com mudanças económicas e políticas globais.

Primeira onda: crise de confiança no início dos anos 1970 (1970-1975)

Após a desvinculação do dólar do ouro, a confiança na moeda americana começou a abalar. No início, devido ao receio de que o dólar perdesse valor como papel de má qualidade, as pessoas passaram a preferir o ouro. O preço do ouro disparou de 35 para 183 dólares, uma subida superior a 400%. Depois, com a crise do petróleo no Médio Oriente, os EUA aumentaram a oferta monetária para comprar petróleo, elevando novamente o preço do ouro. Após a resolução da crise, a perceção de que o dólar ainda tinha utilidade levou a uma descida do preço para perto de 100 dólares.

Segunda onda: turbulências geopolíticas no final dos anos 1970 (1976-1980)

A crise do petróleo de 1979, o sequestro de reféns na Irão e a invasão soviética do Afeganistão desencadearam uma recessão global, com inflação a subir rapidamente. O ouro tornou-se uma reserva de valor preferida, subindo de 104 para 850 dólares, uma subida de mais de 700%. Contudo, a especulação excessiva inflacionou o preço, que após a crise e a dissolução da União Soviética voltou a cair, permanecendo entre 200 e 300 dólares durante cerca de 20 anos.

Terceira onda: o longo ciclo de alta do novo milénio (2001-2011)

Após os atentados de 11 de setembro, o mundo entrou em alerta, e os EUA travaram uma longa guerra contra o terrorismo, com gastos militares elevados. Para financiar estas operações, o governo americano reduziu taxas de juro e emitiu dívida, levando à formação de uma bolha imobiliária que culminou na crise financeira global de 2008. Para salvar a economia, os bancos centrais implementaram políticas de afrouxamento quantitativo, impulsionando o ouro numa tendência de alta de uma década, com o preço a subir de 260 para 1921 dólares, uma subida de mais de 700%.

Quarta onda: a era dos múltiplos riscos (2015 até hoje)

Nos últimos dez anos, o ouro voltou a subir, passando de 1060 para mais de 2000 dólares. A era de juros negativos, a desdolarização global, a nova ronda de QE nos EUA, a guerra Rússia-Ucrânia, a deterioração da situação no Médio Oriente, entre outros fatores, tornaram o ouro uma preferência de investidores institucionais e bancos centrais. Em 2024, assistiu-se a uma subida extraordinária, com o preço a atingir 2800 dólares em poucos meses, e em 2025 a ultrapassar os 4300 dólares.

Qual é o retorno do investimento em ouro? Comparação com ações e obrigações

Num horizonte de 50 anos, o retorno do investimento em ouro não fica atrás do das ações. De 1971 até hoje, o ouro valorizou-se 120 vezes, enquanto o índice Dow Jones subiu de 900 para cerca de 46000 pontos, um aumento de aproximadamente 51 vezes. Parece que o ouro foi mais lucrativo, mas esta conclusão depende de condições.

Nos últimos 30 anos, os dados mostram que o retorno das ações foi superior, sendo o ouro o segundo, e as obrigações o último. O principal rendimento do ouro vem da valorização do preço, sem dividendos; as obrigações oferecem rendimentos periódicos com risco mais baixo; as ações dependem do crescimento das empresas, exigindo uma capacidade de seleção a longo prazo.

Em termos de dificuldade de investimento, as obrigações são as mais simples, o ouro fica em segundo lugar, e as ações são as mais difíceis. Contudo, se o investidor conseguir captar as grandes tendências de mercado do ouro — normalmente ciclos de longo prazo de alta, quedas rápidas, consolidação e novo ciclo de subida — os retornos podem superar os das ações e obrigações.

O papel do ouro nos diferentes ciclos económicos

Há uma regra prática no mercado: durante períodos de crescimento económico, invista em ações; durante recessões, aposte no ouro.

Quando a economia está em expansão, as empresas têm boas perspetivas de lucro, e os investidores preferem ações, com menor interesse em obrigações fixas e ouro, que não rende juros. Quando há recessão, as ações perdem atratividade, enquanto o ouro, por sua capacidade de preservar valor, e as obrigações com juros fixos, ganham preferência.

A lógica é simples: eventos inesperados como a guerra na Ucrânia, a inflação e o subida de juros podem alterar as expectativas do mercado a qualquer momento. Se o investidor tiver uma carteira diversificada com uma proporção adequada de ações, obrigações e ouro, consegue mitigar riscos de volatilidade de cada ativo, tornando o portefólio mais sólido.

Investir em ouro a longo prazo ou fazer trading de curto prazo?

Antes de investir em ouro, é fundamental entender que o preço do ouro não sobe nem desce de forma linear e estável. Entre 1980 e 2000, o ouro esteve entre 200 e 300 dólares durante 20 anos, e quem comprou nesta altura e manteve, não obteve ganhos. Quantos anos de vida temos para esperar?

Por isso, o ouro é uma excelente ferramenta de investimento, mas é mais adequado para aproveitar movimentos de mercado de curto a médio prazo, do que para manter a longo prazo sem alterações. É importante notar que, por ser um recurso natural, os custos e dificuldades de extração aumentam com o tempo, e cada ciclo de alta termina com uma correção que tende a ser mais elevada do que a anterior. Isto significa que, embora o ouro possa corrigir, dificilmente chegará a valer zero, e o investidor deve aproveitar estas regras para entrar e sair no momento certo.

Formas de investir em ouro: um panorama

De acordo com o perfil do investidor e o montante disponível, o ouro pode ser investido de cinco formas principais:

1. Ouro físico
Compra direta de barras ou moedas de ouro, com vantagens na privacidade e na possibilidade de usar como joia. Desvantagens: baixa liquidez e dificuldade de venda rápida.

2. Certificados de ouro
Semelhantes a contas de ouro, são certificados de depósito de ouro. Vantagens: fácil de transportar. Desvantagens: bancos não pagam juros, há spreads elevados, sendo mais indicado para quem pretende manter a longo prazo.

3. ETFs de ouro
Fundos negociados em bolsa que representam uma quantidade de ouro, com maior liquidez e facilidade de negociação. Os detentores recebem ações correspondentes às onças de ouro, mas as gestoras cobram taxas de administração, e o valor pode diminuir lentamente em períodos de estabilidade.

4. Futuros e contratos por diferença (CFD)
Ferramentas mais usadas por investidores de curto prazo. Ambos usam margem de garantia, com custos baixos, permitindo operações de compra e venda em qualquer direção. Os CFDs são especialmente flexíveis, com alta utilização de capital, ideais para trading de curto prazo, com mecanismo T+0, permitindo entradas e saídas a qualquer momento, além de ferramentas de gestão de risco como stop loss e take profit.

5. Fundos de ouro
Investem em ativos relacionados com ouro, oferecendo diversificação, mas com custos mais elevados.

Para quem quer aproveitar movimentos de curto prazo, os futuros ou CFDs são as melhores opções, pois oferecem alavancagem, custos baixos, horários flexíveis e entrada de capital reduzida.

Perspetivas futuras: o ouro continuará a subir nos próximos 50 anos?

Analisando o percurso histórico do preço do ouro, cada grande subida resultou de eventos marcantes — crises de confiança na moeda, conflitos geopolíticos, recessões. Em 2025, fatores como o aumento da tensão no Médio Oriente, a incerteza na Ucrânia, as políticas tarifárias dos EUA, a volatilidade dos mercados bolsistas e a desvalorização do dólar continuam presentes, com os bancos centrais a aumentarem as reservas de ouro.

Estes fatores sugerem que o ouro poderá manter-se relativamente forte, mas é difícil prever se, nos próximos 50 anos, voltará a valorizar-se 120 vezes, como no passado. O que importa é: as mudanças no sistema económico, a estabilidade geopolítica e o avanço tecnológico podem alterar a procura pelo ouro.

De qualquer modo, o papel do ouro como ativo de refúgio e ferramenta de valorização de curto prazo dificilmente mudará. O investidor deve ajustar a sua estratégia consoante o seu perfil de risco, horizonte de investimento e condições de mercado, decidindo entre participar em movimentos de curto prazo ou usar o ouro como proteção na sua carteira. Essa é a abordagem mais sensata.

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