Os preços do café registaram uma modesta recuperação na terça-feira, com o arábica de março a subir +2,55 (+0,70%) e o robusta de janeiro a ganhar +10 (+0,24%), embora a recuperação tenha sido tímida face às perdas de segunda-feira. A ação dos preços reflete um mercado preso entre correntes de alta e de baixa—uma clássica luta de commodities entre o aperto de stocks e as previsões de expansão da produção.
Seca no Brasil Eleva o Apoio aos Preços do Café
As condições de seca no Brasil foram o principal catalisador para o rebound de terça-feira. Minas Gerais, lar da maior zona de produção de café arábica do mundo, registou apenas 11mm de precipitação na semana que terminou a 5 de dezembro—apenas 17% das normas históricas, segundo a Somar Meteorologia. Precipitação abaixo da média normalmente indica stress na colheita de arábica, criando um suporte natural para os preços.
No entanto, a fraqueza do real brasileiro contou uma história diferente. A moeda atingiu uma mínima de 1,75 meses face ao dólar, incentivando os produtores locais a acelerar as vendas de exportação e limitando a subida dos preços. Esta dinâmica ilustra uma realidade fundamental: os movimentos dos preços do café não são impulsionados por fatores únicos, mas por dinâmicas concorrentes de oferta e de moeda.
Previsões de Produção Pintam um Quadro de Baixa
A perspetiva a longo prazo apresenta obstáculos para a sustentabilidade dos preços do café. A agência de previsão de colheitas do Brasil, a Conab, aumentou a sua estimativa de produção de café para 2025 em 2,4%, para 56,54 milhões de sacos, sinalizando colheitas robustas pela frente. O Vietname, o maior produtor de robusta do mundo, reportou que as exportações de novembro aumentaram 39% face ao ano anterior, para 88.000 MT, com envios de janeiro a novembro a subir 14,8%, para 1,398 MMT.
Olhar mais adiante, o Serviço de Agricultura Estrangeira do USDA projeta que a produção mundial de café em 2025/26 atingirá 178,68 milhões de sacos—um máximo histórico. O Vietname sozinho deverá produzir 31 milhões de sacos em 2025/26, um aumento de 6,9%, representando um pico de 4 anos. Estas projeções de oferta criam uma pressão estrutural sobre os preços do café.
Dinâmica de Inventários: Sinais Mistos
Os inventários de arábica na ICE atingiram uma mínima de 1,75 anos, de 398.645 sacos, a 20 de novembro, embora tenham recuperado para 426.523 sacos na sexta-feira passada—ainda indicando uma disponibilidade de oferta limitada. Os inventários de robusta na ICE caíram para uma mínima de 11,5 meses, de 4.018 lotes, na terça-feira, sugerindo mercados físicos mais apertados para a variedade de menor qualidade.
Estas métricas de inventário importam porque representam liquidez real de negociação. Quando os armazéns esvaziam mais rápido do que a produção os repõe, normalmente apoia pisos de preço—explicando porque os preços do café encontraram compradores apesar das previsões de oferta baixistas.
Mudanças na Política Comercial e Regras de Desflorestação da UE
As políticas tarifárias dos EUA acrescentaram uma camada adicional à dinâmica dos preços do café. Durante o regime de tarifas de Trump (Agosto-Outubro), as compras de café brasileiro pelos EUA caíram 52% face ao ano anterior, para apenas 983.970 sacos. Com as tarifas desde então levantadas, a procura americana por café brasileiro pode recuperar, embora a reconstrução de inventários normalmente leve tempo.
A aprovação do Parlamento Europeu a 26 de novembro de um adiamento de 1 ano para o Regulamento de Desflorestação da UE (EUDR) revelou-se baixista para os preços do café. A prorrogação permite a continuação das importações de café de regiões que enfrentam desflorestação na África, Indonésia e América do Sul, aumentando efetivamente a oferta disponível nos mercados europeus e compensando as preocupações de oferta.
O Contexto Mais Amplo: Quando Oferta Encontra Demanda
As exportações globais de café para o ano de comercialização atual (Outubro-Setembro) caíram apenas 0,3% face ao ano anterior, para 138,658 milhões de sacos, segundo a Organização Internacional do Café, sugerindo fluxos comerciais notavelmente estáveis apesar da volatilidade da produção. O USDA projeta que os stocks finais de 2025/26 subirão 4,9%, para 22,819 milhões de sacos—uma reversão das condições apertadas.
O quadro dos preços do café permanece conflituoso: a escassez física nos armazéns e as condições de seca no Brasil oferecem suporte a curto prazo, enquanto previsões massivas de produção e fluxos de exportação fortes do Vietname criam obstáculos a médio prazo. Para os traders, a recuperação de terça-feira indica que as preocupações de oferta ainda têm algum poder para impulsionar os preços do café para cima, mesmo que as tendências de produção a longo prazo aconselhem cautela.
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A escassez global de oferta de café envia sinais de mercado: o que nos dizem as ações de preço
Os preços do café registaram uma modesta recuperação na terça-feira, com o arábica de março a subir +2,55 (+0,70%) e o robusta de janeiro a ganhar +10 (+0,24%), embora a recuperação tenha sido tímida face às perdas de segunda-feira. A ação dos preços reflete um mercado preso entre correntes de alta e de baixa—uma clássica luta de commodities entre o aperto de stocks e as previsões de expansão da produção.
Seca no Brasil Eleva o Apoio aos Preços do Café
As condições de seca no Brasil foram o principal catalisador para o rebound de terça-feira. Minas Gerais, lar da maior zona de produção de café arábica do mundo, registou apenas 11mm de precipitação na semana que terminou a 5 de dezembro—apenas 17% das normas históricas, segundo a Somar Meteorologia. Precipitação abaixo da média normalmente indica stress na colheita de arábica, criando um suporte natural para os preços.
No entanto, a fraqueza do real brasileiro contou uma história diferente. A moeda atingiu uma mínima de 1,75 meses face ao dólar, incentivando os produtores locais a acelerar as vendas de exportação e limitando a subida dos preços. Esta dinâmica ilustra uma realidade fundamental: os movimentos dos preços do café não são impulsionados por fatores únicos, mas por dinâmicas concorrentes de oferta e de moeda.
Previsões de Produção Pintam um Quadro de Baixa
A perspetiva a longo prazo apresenta obstáculos para a sustentabilidade dos preços do café. A agência de previsão de colheitas do Brasil, a Conab, aumentou a sua estimativa de produção de café para 2025 em 2,4%, para 56,54 milhões de sacos, sinalizando colheitas robustas pela frente. O Vietname, o maior produtor de robusta do mundo, reportou que as exportações de novembro aumentaram 39% face ao ano anterior, para 88.000 MT, com envios de janeiro a novembro a subir 14,8%, para 1,398 MMT.
Olhar mais adiante, o Serviço de Agricultura Estrangeira do USDA projeta que a produção mundial de café em 2025/26 atingirá 178,68 milhões de sacos—um máximo histórico. O Vietname sozinho deverá produzir 31 milhões de sacos em 2025/26, um aumento de 6,9%, representando um pico de 4 anos. Estas projeções de oferta criam uma pressão estrutural sobre os preços do café.
Dinâmica de Inventários: Sinais Mistos
Os inventários de arábica na ICE atingiram uma mínima de 1,75 anos, de 398.645 sacos, a 20 de novembro, embora tenham recuperado para 426.523 sacos na sexta-feira passada—ainda indicando uma disponibilidade de oferta limitada. Os inventários de robusta na ICE caíram para uma mínima de 11,5 meses, de 4.018 lotes, na terça-feira, sugerindo mercados físicos mais apertados para a variedade de menor qualidade.
Estas métricas de inventário importam porque representam liquidez real de negociação. Quando os armazéns esvaziam mais rápido do que a produção os repõe, normalmente apoia pisos de preço—explicando porque os preços do café encontraram compradores apesar das previsões de oferta baixistas.
Mudanças na Política Comercial e Regras de Desflorestação da UE
As políticas tarifárias dos EUA acrescentaram uma camada adicional à dinâmica dos preços do café. Durante o regime de tarifas de Trump (Agosto-Outubro), as compras de café brasileiro pelos EUA caíram 52% face ao ano anterior, para apenas 983.970 sacos. Com as tarifas desde então levantadas, a procura americana por café brasileiro pode recuperar, embora a reconstrução de inventários normalmente leve tempo.
A aprovação do Parlamento Europeu a 26 de novembro de um adiamento de 1 ano para o Regulamento de Desflorestação da UE (EUDR) revelou-se baixista para os preços do café. A prorrogação permite a continuação das importações de café de regiões que enfrentam desflorestação na África, Indonésia e América do Sul, aumentando efetivamente a oferta disponível nos mercados europeus e compensando as preocupações de oferta.
O Contexto Mais Amplo: Quando Oferta Encontra Demanda
As exportações globais de café para o ano de comercialização atual (Outubro-Setembro) caíram apenas 0,3% face ao ano anterior, para 138,658 milhões de sacos, segundo a Organização Internacional do Café, sugerindo fluxos comerciais notavelmente estáveis apesar da volatilidade da produção. O USDA projeta que os stocks finais de 2025/26 subirão 4,9%, para 22,819 milhões de sacos—uma reversão das condições apertadas.
O quadro dos preços do café permanece conflituoso: a escassez física nos armazéns e as condições de seca no Brasil oferecem suporte a curto prazo, enquanto previsões massivas de produção e fluxos de exportação fortes do Vietname criam obstáculos a médio prazo. Para os traders, a recuperação de terça-feira indica que as preocupações de oferta ainda têm algum poder para impulsionar os preços do café para cima, mesmo que as tendências de produção a longo prazo aconselhem cautela.